O antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais Júnior, foi nomeado pelo Presidente da República para o cargo de governador do Banco Nacional de Angola (BNA), substituindo nas funções José de Lima Massano.
D e acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a exoneração de José de Lima Massano surge a pedido deste.
Enquanto governador do BNA, Massano assumiu desde o último Verão a gestão do caso Banco Espírito Santo Angola (BESA). O processo culminou em Outubro com um aumento de capital, para absorver o volume de crédito malparado no banco, a sua transformação em Banco Económico e a entrada da estatal Sonangol na estrutura accionista.
Além de exonerar José de Lima Massano, o Presidente da República, de acordo com a comunicação social pública angolana, nomeou para as mesmas funções José Pedro de Morais Júnior, antigo ministro das Finanças e que deixou o Governo de José Eduardo dos Santos em 2008.
Recorde-se que, na sequência de vários desfalques de centenas de milhões de dólares das contas públicas, José Eduardo dos Santos chegou a ordenar um inquérito ao então ministro, José Pedro de Morais, equacionando mesmo a sua prisão.
Durante o interrogatório a que foi sujeito por oficiais dos Serviços de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), José Pedro de Morais apresentou fotocópias de documentos e ordens assinadas por José Eduardo dos Santos para que se efectuassem transferências ilícitas de fundos para familiares seus.
José Pedro de Morais garantiu que tinha os originais em segurança nos Estados Unidos da América e que, se algo lhe acontecesse, os documentos seriam publicamente revelados, o que provaria o envolvimento directo do Presidente em actos de suborno e alta corrupção.
Dos vários documentos partilhados por José Pedro de Morais com o SINSE ressaltou o pagamento de US $40 milhões de dólares de uma suposta dívida pública do governo provincial do Huambo à sua irmã Marta dos Santos. O então ministro das Finanças explicou como se utilizava a dívida pública para desviar fundos de estado para familiares escolhidos pelo presidente, e como outros governantes, incluindo ele próprio, apanhavam a boleia para também saquearem a sua parte.
José Pedro de Morais contou que não só Marta dos Santos não prestou serviços ao governo do Huambo, para reclamar a dívida, como cobrou duas vezes, sempre com ordens escritas do Presidente.
Marta dos Santos liderou a construção de vários empreendimentos imobiliários em várias zonas de Luanda, incluindo duas torres junto ao Cine Tropical, no Maculusso.
Depois de uma precária travessia do deserto, Pedro de Morais tem sido reabilitado aos poucos, por intervenção directa do general Higino Carneiro. Enquanto ministro das Obras Públicas, o general Higino Carneiro teve a vida facilitada no aboletamento dos fundos da linha de crédito do Brasil, em parceria com a Odebrecht, pela cumplicidade de Pedro de Morais. Como retribuição da lealdade, Higino Carneiro recuperou o antigo ministro e colocou-o como seu assessor no Kuando-Kubango.
Agora vai governar o Banco Nacional. E assim se faz a história de uma monarquia.